quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Bancários aceitam proposta e voltam ao trabalho

Gazeta do Povo
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Publicado em 14/10/2010 | Osny Tavares - colaboração de Fernanda Trisotto

Funcionários da Caixa e BB terão aumento de 7,5%. Nos bancos privados, índice vale para quem recebe até R$ 5.250

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região (Seeb Curitiba) aceitou na noite de ontem a contraproposta salarial feita pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Com isso, a greve está encerrada após 15 dias de paralisação, e as agências bancárias da capital passam a funcionar normalmente a partir de hoje. Em Maringá e Cascavel, os bancários aceitaram as propostas em assembleias realizadas pela manhã, e à tarde o funcionamento das agências já havia sido normalizado.

Bancários da Caixa Econô­mica Federal e do Banco do Brasil (BB) aceitaram reajuste nominal de 7,5% – o que corresponde a um aumento real, acima da inflação, de 3,1% – para todas as faixas salariais e elevação do piso de ingresso para R$ 1,6 mil.

No caso dos bancos privados, os funcionários que ganham até R$ 5.250 receberão reajuste nominal de 7,5%. Para os trabalhadores que recebem salário acima desse valor, o reajuste será de R$ 393,75 ou de 4,29%, prevalecendo o valor mais alto.

Os valores foram oferecidos pela Fenaban na segunda-feira, durante reunião com o comando nacional de greve. Na sequência, os dirigentes nacionais passaram a sugerir aos sindicatos locais que aprovassem a proposta nas assembleias. Durante o dia de ontem, 10,5 mil bancários permaneciam de braços cruzados em Curitiba, somando-se a outros 15 mil em todo o Paraná. Cerca de 730 das 1.330 agências do estado ficaram fechadas.

“O que surpreendeu nesta greve foi o tamanho da adesão”, avalia Otávio Dias, presidente do Seeb Curitiba. “Foi uma das maiores greves dos últimos 20 anos, o que fez os banqueiros oferecerem uma proposta que atende às necessidades da categoria. As mudanças na regra de participação de lucros, valorizando os trabalhadores, foram importantes”, ressalta.

Nos bancos privados e na Caixa, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) corresponderá a 90% do salário e mais uma parcela de R$ 1.100,80. Além disso, os bancos irão pagar uma parcela adicional de PLR, no valor total de 2% do lucro líquido da instituição, a ser distribuída igualmente entre seus funcionários. Os pisos salariais da categoria serão reajustados em 16,33%. Benefícios como vale-creche e vale-refeição também serão reajustados, em 7,5%. As regras para o PLR do Banco do Brasil serão diferentes – o benefício vai variar conforme a faixa salarial.

Plano de carreira

Os funcionários da Caixa e do BB fecharam ainda um acordo para modificações no plano de carreira. “Não é uma proposta dos sonhos, mas entendemos ser um avanço em relação a uma reivindicação histórica”, afirma Dias. Além dos aumentos de salário, a categoria avalia como positiva a inclusão de itens relacionados às condições de trabalho dos bancários.

Pelo acordo, as instituições bancárias deverão implantar mecanismos de combate ao assédio moral e programas de transferência a funcionários vítimas de assalto ou sequestro. “Hoje, temos no Brasil 1,2 mil bancários afastados por mês para atendimento médico em virtude de problemas ocupacionais. Metade destes se afasta por LER [Lesão por Esforço Re­­petitivo] ou problemas psicológicos. A nossa paralisação mostrou a insatisfação em relação às atuais condições de trabalho”, avalia Dias.

“Greve é pressão mais eficiente”, diz sindicato

Se as formas alternativas de atendimento bancário, como caixas eletrônicos, internet e casas lotéricas, aliviam os transtornos para o cliente, para as instituições bancárias a paralisação representa a impossibilidade de realizar alguns de seus serviços mais lucrativos, como a concessão de empréstimos.

Por isso, a greve ainda é a forma mais eficiente de pressionar os empregadores, na opinião de Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região. “Sem dúvida, a mobilização incomoda [a população]. Mas pressionamos um sistema financeiro que tem lucrado muito, sempre à custa da sociedade”, justifica.

Uma reclamação histórica dos bancários é que a lucratividade das instituições não resulta em aumentos salariais de mesma proporção. “Já apresentamos no Congresso uma proposta de regulamentação do sistema financeiro, para que possamos discutir os juros no Brasil”, afirma Dias.

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