terça-feira, 21 de agosto de 2012

Ataques a bancos crescem 50,48% no primeiro semestre de 2012

CUT-PR


Dados de pesquisa nacional revelam média de sete ocorrências por dia e 27 mortes nos seis primeiros meses do ano


O primeiro semestre de 2012 registrou uma ampliação de 50,48% no número de ataques as bancos se comparado com o mesmo período do ano anterior. Ao todo foram 1.261 ocorrências no território nacional contra 883 de 2011. São sete ataques diários a bancos de acordo com o levantamento.
A sestatísticas foram divulgadas nesta segunda-feira (20), em Curitiba pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).  O estudo leva em consideração informações veiculadas pela imprensa, das secretarias de segurança pública e levantamentos de sindicatos, o que ainda pode representar uma subnotificação das informações.
O Paraná é o quarto estado no ranking divulgado, com 109 ocorrências. São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina são os os que apresentam os piores indicadores com 289, 165 e 216 ataques respectivamente.  "Essa radiografia é resultado de um esforço conjunto das entidades sindicais dos vigilantes e bancários, a fim de revelar dados concretos sobre a violência nos bancos, que tanto assusta os trabalhadores e a população, e buscar soluções para proteger a vida das pessoas”, afirma o presidente da CNTV, José Boaventura Santos. Ele reforça a possibilidade de subnotificação das informações, uma vez que nem todas as ocorrências são divulgadas pela empresa e não há dados seguros dos bancos sobre a violência.
A presidenta da CUT-PR, Regina Cruz, reforçou a importância da criação de leis para conter esta onda de violência. De acordo com ela muitos problemas podem ser evitados com aprovação de regulamentações municipais.  
“Por isso estamos realizando uma série de audiências públicas no interior do Paraná em Câmaras de Vereadores para discutir o que cada cidade pode avançar para exigir segurança para a população e também para os trabalhadores e trabalhadoras que ganham sua vida em agências bancárias”,  afirmou Regina que é vigilante.
O diretor da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, reforçou a sensação de insegurança.  "Trata-se de mais um retrato preocupante da insegurança nos bancos, que mostra a necessidade de medidas preventivas contra assaltos e sequestros, pois esses ataques deixaram um rastro de mortes, feridos e traumatizados”, apontou.
“O aumento de ataques a bancos, sobretudo de arrombamentos, no primeiro semestre deste ano tem a ver com a onda de explosões de caixas eletrônicos, muitos instalados em locais inseguros e desprovidos de equipamentos de segurança”, completou o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, João Soares. Ele cobrou atitudes do exército na fiscalização e rastreamento dos explosivos. “Uma maneira seria a identificação dos explosivos por meio de chips ou códigos de barra”, sugeriu.
Falta investimento dos bancos – De acordo com os dirigentes presentes na entrevista coletiva, os números poderiam ser inferiores ao que representam de fato caso o sistema bancário efetuasse mais investimentos.  “Os bancos não podem continuar tratando os arrombamentos como problema de segurança pública, na medida em que ocorrem por causa das instalações vulneráveis de seus estabelecimentos e trazem uma sensação de insegurança para trabalhadores e clientes”, enfatizou o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Otávio Dias.
Estudo do Dieese, com base nos balanços publicados do primeiro semestre de 2012, mostrou que os cinco maiores bancos lucraram R$ 24,6 bilhões e aplicaram R$ 1,5 bilhão em despesas com segurança e vigilância, o que representa uma média de 6,05% na comparação entre os lucros e os gastos com segurança.
"Esse dado desmascara tecnicamente o truque da segurança. Os bancos dizem que estão preocupados com a segurança, mas gastam muito pouco diante de seus lucros gigantescos", salientou Ademir Wiederkehr. Contudo, este percentual leva em conta desde o transporte de numerário até a segurança eletrônica para transferências feitas pela internet.  “Não sabemos o quanto é investido exclusivamente para segurança de pessoas”, completa Boaventura.
Outro ponto relatado pelos dirigentes é a diferença nos números levantados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que é restrita a assaltos, sejam eles consumados ou não. Enquanto a pesquisa da CNTV e Contraf-CUT aponta 377 assaltos no primeiro semestre deste ano, a Febraban apurou 200 no mesmo período, uma diferença de 177 casos. “Pode ser que ainda existam agências e postos que não providenciam a emissão do Boletim de Ocorrência na polícia”, sugeriu o presidente da Fetec-CUT/PR, Elias Jordão.
Mortes
A pesquisa também mostrou que no primeiro semestre de 2012 foram registrados 27 assassinatos, média de quatro vítimas fatais por mês, um aumento de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 23 mortes. 
São Paulo (6), Rio de Janeiro (4) e Bahia (4) foram os estados com o maior número de casos. A principal ocorrência foi o crime de "saidinha de banco", que provocou 14 mortes. Já a maioria das vítimas foram clientes (15), seguido de vigilantes (5), transeuntes (3), policiais (3) e bancário (1).
 "Esses números são assustadores e reforçam a necessidade de atualizar a lei federal nº 7.102/83, que se encontra defasada diante do crescimento da violência e da criminalidade. Precisamos de um estatuto de segurança privada com medidas eficazes e equipamentos adequados de prevenção para garantir a proteção da vida, eliminar riscos e oferecer segurança para trabalhadores e clientes", salientou Boaventura.
Somente no ano passados os bancos foram multados em mais de R$ 6 milhões por descumprimento da lei federal 7.102/83 e de normas de segurança. As principais infrações dos bancos foram a ausência de plano de segurança aprovado pela Polícia Federal, número insuficiente de vigilantes e alarme inoperante, entre outras infrações.

Confira as propostas dos bancários e vigilantes para ampliar a segurança nos bancos
- Porta giratória com detector de metais antes da sala de autoatendimento com recuo em relação à calçada onde deve ser colocado um guarda-volumes com espaços chaveados e individualizados;
- Vidros blindados nas fachadas;
- Câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, bem como nas calçadas e áreas de estacionamento, com monitoramento em tempo real e com imagens de boa qualidade para auxiliar na identificação de suspeitos;
- Biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas, com o reposicionamento do vigilante para observar também esse espaço junto com a colocação de uma câmera de vídeo, o que elimina o risco do chamado ponto cego;
- Divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos;
- Ampliação do número de vigilantes visando garantir o cumprimento integral da lei 7.102/83 durante todo horário de funcionamento das agências e postos de atendimento;
- Fim da guarda das chaves de cofres e das unidades por bancários e vigilantes, ficando as chaves na sede das empresas de segurança;
- Proibição do transporte de valores por bancários; operações de embarque e desembarque de carros fortes somente em locais exclusivos e seguros; e fim do manuseio e contagem de numerário por vigilantes no abastecimento de caixas eletrônicos;
- Atendimento médico e psicológico para trabalhadores e clientes vítimas de assaltos, sequestros e extorsões;
- Escudos e assentos no interior das agências e postos de atendimento para os vigilantes;
- Instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros;
- Maior controle e fiscalização do Exército no transporte, armazenagem e comércio de explosivos.

Mais imagens desta publicação podem ser acessadas em nosso Flickr

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