terça-feira, 21 de agosto de 2012

Brasil tem um ataque à agência bancária a cada quatro horas, aponta estudo

Portal R7.com

Empresas faturaram quase 25 bi em 2012, mas investiram só 6% em segurança

Levantamento feito nos estados brasileiros mostrou que, a cada quatro horas, em média, um banco foi alvo de criminosos no primeiro semestre deste ano. A 3ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos apontou que foram registradas 1.261 ocorrências (301 assaltos e 537 arrombamentos) entre janeiro e junho em todo o país - ou quase sete crimes desse tipo por dia. 

O estudo elaborado pela CNTV (Confederação Nacional dos Vigilantes) e Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) também mostrou que os ataques a bancos cresceram 50,48% no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2011, quando foram registrados 753 crimes. Deste total, 331 foram ataques e 422 arrombamentos. 

Para João Soares, presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, que coordenou a pesquisa, o aumento de ataques a bancos, sobretudo de arrombamentos, no primeiro semestre deste ano, tem a ver com a onda de explosões de caixas eletrônicos. Muitos desses equipamentos, pontuou Soares, foram instalados em locais inseguros. 

- O Exército precisa melhorar a fiscalização e o controle do transporte, armazenagem e comércio de dinamite. 

São Paulo é o Estado que lidera o ranking, com 289 ataques. Em segundo lugar, aparece Minas Gerais, com 165, em terceiro Santa Catarina, com 126, em quarto Paraná, com 109, e em quinto Bahia, com 91. 

Os dados do estudo foram levantados a  partir de notícias da imprensa, estatísticas de Secretarias de Segurança Pública e os levantamentos de sindicatos e federações de vigilantes e bancários. Segundo a CNTV, o número de casos pode ter sido ainda maior devido à dificuldade de levantar informações em alguns estados e pelo fato de que nem todas as ocorrências são divulgadas pelos veículos de comunicação. 

Mortes
 

Outro diagnóstico da violência nos bancos é a pesquisa nacional sobre mortes em assaltos envolvendo bancos, elaborada pela Contraf-CUT e CNTV a partir de notícias da imprensa, com apoio técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). 

No primeiro semestre de 2012, a pesquisa apurou a ocorrência de 27 assassinatos, média de quatro vítimas fatais por mês. Houve um aumento de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 23 mortes. 

São Paulo (6), Rio de Janeiro (4) e Bahia (4) foram os estados com o maior número de casos. A principal ocorrência foi o crime de "saidinha de banco", que provocou 14 mortes. Já a maioria das vítimas foram clientes (15), seguido de vigilantes (5), pedestres (3), policiais (3) e bancário (1). 

Na opinião do presidente do Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, as mortes são resultado do descaso das empresas bancárias na proteção da vida dos clientes. 

- Entra ano, sai ano, e muitas pessoas continuam morrendo em assaltos envolvendo bancos, o que é inaceitável no setor mais lucrativo do país. Isso comprova o enorme descaso e a escassez de investimentos dos bancos na proteção da vida de trabalhadores e clientes. E também revela a fragilidade da segurança pública diante da falta de mais policiais e viaturas nas ruas e de ações de inteligência para evitar ações criminosas. 

Estudo feito pelo Dieese, com base nos balanços publicados do primeiro semestre de 2012, os cinco maiores bancos do País lucraram R$ 24,6 bilhões e aplicaram R$ 1,5 bilhão em despesas com segurança e vigilância, o que representa uma média de 6,05% na comparação entre os lucros e os gastos com segurança. 

Para Ademir Wiederkehr, coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, os bancos dizem que estão preocupados com a segurança, mas gastam muito pouco diante de seus lucros gigantescos. 

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